Parece que as más notícias sobre os riscos da pílula anticoncepcional não param de chegar. Desta vez, a preocupação é com a saúde mental: um novo estudo da Universidade de Copenhague analisou os registros médicos de todas as mulheres entre 15 e 34 anos que vivem na Dinamarca para concluir que a chance de desenvolver depressão chega a dobrar para quem usa anticoncepcionais com hormônios.
Os cientistas focaram o estudo em mulheres que não tinham diagnóstico prévio de depressão. Aí passaram 14 anos acompanhando a saúde delas e os medicamentos que consumiam.
E perceberam o seguinte: as mulheres que tomavam contraceptivos hormonais tinham chances bem maiores de, mais tarde, passar a tomar antidepresivos – ou seja, de serem dignosticadas como portadoras de depressão ou de transtornos de ansiedade (que também são tratados com fluoxetina, escitaplopram e cia.).
Para quem toma a pílula tradicional (que combina derivados de progesterona e estrogênio), o risco é 23% maior do que entre as mulheres que não usavam o método. Mas a pílula está até bem na fita. Os piores aumentos de risco estavam em outros métodos hormonais.
Foi o caso do adesivo, o “campeão” da pesquisa. As mulheres que usavam o método que distribui norgestrolmin (uma progesterona sintética, usada em marcas como Evra) através da pele tinham o dobro de chances de começar a tomar antidepressivos, comparadas às jovens que não tomavam esses hormônios.
No Top 3, inclusive, estão os anticoncepcionais hormonais que não vem em forma de comprimido: além do adesivo, há também o anel vaginal, que libera etonogestrel e o DIU hormonal, que usa levonorgestrel (ambas progesteronas sintéticas).
Ranking da depressão
Adesivo – risco 100% maior
Anel vaginal – risco 60% maior
DIU com levonorgestrel – risco 40% maior
Mini-pílula (só de progesterona) – risco 34% maior
Pílula combinada – risco 23% maior
Quando os pesquisadores separaram só as adolescentes, entre 15 e 19 anos, perceberam que elas estavam ainda mais vulneráveis. Para elas, usar a pílula combinada representa um risco 80% maior de depressão. Já com a mini-pílula, ele pula para 120% – ou seja, mais que o dobro.
Faltam estudos mais específicos para entender se a conexão entre depressão e anticoncepcionais tem relação direta com a progesterona (sozinhos, os números parecem apontar para isso), mas a preocupação imediata dos pesquisadores é outra: eles estimam que 80% das mulheres férteis da Dinamarca estejam tomando contraceptivos hormonais de algum tipo.
No meio dessa quase onipresença da pílula, eles acreditam que os riscos à saúde mental estão sendo subestimados pelos próprios médicos na hora de receitar o medicamento.
O risco de depressão é conhecido de qualquer um leia a bula dos anticoncepcionais. Mas quando aparece um estudo com a população inteira de um país, a realidade (e a gravidade) da história chama bem mais atenção que as letrinhas fonte 10 na seção Efeitos Colaterais.